Case #50 - Falando com almofadas: sobre apoio


Mark levantou vários temas, mas nehum parecia ter muita tracção. A sua situação laboral estava em transição - anteriormente tinha trabalhado com o seu pai, mas tinha-se afastado. Tinha várias actividades de negócio, mas nenhuma lhe permitia fazer bom dinheiro. Estava casado há três anos, e estava pronto para ter um bebé. Fiz vários comentários e observações - o som fluente da sua voz, por exemplo. Nada parecia realmente salientar-se como ´um tema´. Perguntei-lhe então pelo casamento. Contou-me que era bom, e se sentia feliz. Embora isso seja geralmente um bom indicador, estava interessado naquilo que compunha a sua resposta - o detalhe. Em Gestalt estamos sempre interessados em nos desviarmos das generalizações para o particular, uma vez que este é o modo através do qual se obtém contacto. Foi-lhe difícil responder. Perguntei-lhe pelos seus sentimentos, e era também difícil para ele ser específico. Achei então que a falta de uma figura clara estava relacionada com sua a dificuldade em estar em sintonia com os seus sentimentos. Sugeri-lhe uma experiência - andar em redor e olhar para as pessoas do grupo, uma por uma e dar-se conta de como se sentia olhando para cada uma delas. Começou a contar-me a respeito da sua experiência, em termos muito claros. Era óbvio então que ele tinha a capacidade de identificar a sua experiência em relação, mas provavelmente apenas precisava de encorajamento e um ambiente de apoio - algo que ele confirmou. Dei-lhe então um modelo específico no qual falar: ´Quando olho para ti sinto-me ______´. Isto soa muito simples, mas é importante começar num ponto que seja realizável, e dada a sua dificuldade declarada em identificar os seus sentimentos, tal parecia um bom começo. O que eu fiz é dar um passo da sua descrição da experiência de outros, em direcção a poder oferecer-lhes a sua experiência directamente. Em Gestalt, movemo-nos sempre numa direcção relacional. Ele fê-lo então com várias pessoas, articulando de uma forma muita clara a cada vez. Novamente, isto indicava que ele apenas precisava de um ambiente de apoio no qual poder fazê-lo. De seguida, peguei uma almofada, representando a sua mulher, e convidei-o a falar com ela, de um modo similar: ´Quando vejo _____ em ti, sinto-me _____´. Fê-lo durante algum tempo, articulando de uma forma clara. Reconheci o seu trabalho, encorajei-o e observei que ele tinha certamente a capacidade de identificar os seus sentimentos e comunicá-los. Achei que talvez precisasse apenas de um bom treino, num ambiente que não fosse ameaçador. Ele concordou. Como continuação convidei-o a fazer a mesma coisa com o seu pai. Fiz-lhe notar que o apoio parecia ser um ponto chave, e convidei-o novamente a ´falar com as almofadas´ - primeiro com a sua mulher, depois com o seu pai - dizendo-lhes: ´Quando tu fazes _____, eu sinto-me _____, e gostaria de um apoio _____ da tua parte`. Tal foi muito valioso para ele, clarificando muitos detalhes do conteúdo, e ele referiu sentir-se muito seguro no final. Isto foi um bom exemplo de uma experiência orientada de um modo muito comportamental, a qual incorporava sentimentos, contacto, autenticidade e apoio. Estes são os principais elementos com que trabalhamos em Gestalt, e uma sessão como esta pode ser muito valiosa enquanto algo que quase se assemelha a um processo de coaching. Sempre que for apropriado, este aspecto pode também ser incorporado numa abordagem Gestalt. O principal a reter é que não se trata de uma fórmula, e que é aplicado a uma pessoa em particular, com o tipo de processo que ela precisar, nesse momento em concreto.

 Posted by  Steve Vinay Gunther