Case #44 - O casulo e o renascimento


A Nicole estava claramente aflita. Ela falou sobre um sonho que tinha tido, relacionado com a imagem de um casulo que ela tinha medo de quebrar, sem saber se iria transformar-se ou apenas morrer. Peguei na imagem do casulo. Sugeri uma experimentação nesta base - por vezes não é necessário obter todos os detalhes do conteúdo, mas apenas partir de uma metáfora forte e clara que o cliente fornece. Neste caso, era claramente uma metáfora transformadora, diretamente relevante para a terapia, e que continha tanto o desejo como o medo de mudança. A experimentação Gestaltista é também designada 'emergêcia segura', sendo um equilíbrio que procuramos sempre - ajudar o cliente a levar em frente o desejo de vivacidade e, ao mesmo tempo, encontrar um caminho suficientemente seguro para arriscar a tentar algo novo. Então convidei meia dúzia de pessoas do grupo a reunirem-se em volta dela como o casulo. Logo de seguida, ela começou a chorar mais intensivamente, e depois caiu no chão. Dei indicações para se sentarem todos em volta dela. Disse-lhe para não se afastar de si mesma, mas manter o contato ocular. De outra forma, alguém podia regressar, empurrar para o seu próprio mundo e para fora do relacionamento. Nesse caso, a emoção simplesmente continua a circular, numa forma que não é comum. À medida que ela fazia isso, ela olhava para uma das mulheres e dizia 'eu não gosto de si'. Isto, contudo, não era claramente acerca dessa mulher - ela estava a lembrar-se da sua mãe. Então pedi-lhe que falasse diretamente para ela, dizendo tudo o que quisesse dizer-lhe. 'Porque me abandonaste', perguntou ela. No Gestaltismo, as perguntas porquê não ajudam, e pedimos às pessoas para as substituir por declarações. Fora isto, vieram as suas declarações - a sua dor por ter sido abandonada em criança pela sua mãe. Novamente, não precisei de saber os detalhes da história para trabalhar com ela. Ela estava no processo, e isso era suficiente. Tinha de a apoiar a estar presente, a manter o contato ocular, a respirar profundamente. Muitas emoções emergiram para ela, assim como para a representação da 'mãe'. O apoio do círculo foi importante para lhe dar a sensação de ser apoiada num local onde ela normalmente colapsa internamente. Finalmente, ela estava muito cansada, e apenas queria deitar-se. Então deixei-a deitar-se na almofada representativa da seu mãe, e permiti que adormecesse. Quando acordou, dez minutos depois, ela sentia-se renascida, e com sensação de calor e ligação no seu coração, onde antes havia vazio e sofrimento.

 Posted by  Steve Vinay Gunther