Case #30 - Uma boa razão para não sentir sexualidade


A Bridget reportou ter um sentimento "gelado" ao fundo das costas e na área genital. Ela estava divorciada há 5 anos e não tinha econtrado outro relacionamento. Disse que tinha sido magoada pelo seu marido. Nunca tinha sido muito responsiva sexualmente para ele, mesmo ele tendo-se esforçado bastante durante vários anos, e a relação tinha muitos aspetos bons. Perguntei-lhe especificamente como ele a tinha magoado, mas ela teve dificuldade em apontar isto. Ela disse que se tinha sentido próxima dele, tendo sido nessa altura que experimentou o sofrimento. Mas parecia que ele não tinha feito nada em particular que fosse prejudicioso. Então as setas apontavas para outro lado. Ela relatou que nunca tinha, na verdade, grande sentimento no seu corpo, e ponto final. Eu coloquei-me no momento, contei-lhe a minha própria experiência de dissociação, e como achei difícil encontrar-me plenamente no meu corpo. Ela disse que suspeitava, para ela, ter resultado de testemunhar o seu irmão ser espancado pelos seus pais desdes os 8 aos 16 anos. Depois disso ele foi roubado por traficantes humanos, e passaram 5 anos até conseguir escrever uma carta e ser resgatado. Contudo, depois disso, ele vagueou pelas ruas com outros mendigos, roubou, esteve preso diversas vezes, e até roubou a irmã quando ela o tentou ajudar. Há 15 anos o pai deles morreu, e ela comentou que desde essa altura o seu irmão estava bem, feliz, e a ter uma boa vida. Não obstante, ela ainda sente muito sofrimento e culpa por não ter consiguido fazer nada relativamente aos maus tratos. Salientei que ela nunca tinha tido nenhum apoio durante aquele tempo - ninguém com quem falar, ninguém que a confortasse. Sugeri que, dado que o sofrimento ainda se encontrava muito presente para ela, eu me sentasse junto dela e colocasse o meu braço em sua volta, para que ela pudesse sentir o apoio que nunca teve. Para ter o sentimento como se eu estivesse lá, naquele momento, com ela. Enquanto fiz isto, ela começou a soluçar com profundo e extremo sofrimento, ofegando. Eu segurei-a e respirei, ficando bastante presente, ouvindo a terrível dor no seu choro. Após um longo tempo o seu choro diminuiu, e ela ficou quieta e sossegada. Eu disse umas palavras de reconhecimento. Depois, ela sentou-se e olhou para mim. Disse 'agora quero dar-lhe algo'. Eu podia sentir a mudança nela, e a minha energia. Disse-lhe que conseguia sentir isso, que sentia calor. Ela relatou sentir calor em si mesma, através do seu corpo. Perguntei-lhe o que me queria dar, mas ela debateu-se por um tempo com as palavras. Então ela disse 'gostava de beijar os seus olhos com os meus'. Conseguia sentir a sua abertura e a troca de energia entre nós. Eu disse que agora ela estava no seu corpo, e pronta para um relacionamento. Ela assentiu. Não peguei na primeira figura que ela evocou (sentimentos gelados), nem na segunda (falta de sentimentos gerais pelo seu corpo). Respondi em diálogo e aguardei até que algo emergisse, que seria o problema não resolvido no âmbito familiar. Testemunhar tamanho trauma deixou uma marca profunda nela e, apesar do seu irmão ter finalmente recuperado a sua vida, ela ainda suportava o sofrimento e culpa. Ela não conseguia prosseguir para si mesma enquanto não se visse no seu lugar de sorimento com total apoio. Promovendo essa esperiência foi despoletada uma experiência de cura profunda, permitindo-lhe espontaneamente deixar ir o sofrimento e culpa, voltar para o seu corpo, e estar disponível para sentimentos sexuais.

 Posted by  Steve Vinay Gunther